Monday, December 18, 2006

Rascunho

Te amo, mas não quero chorar
Te quero, mas não quero sofrer
Então finjo um presente
em que você é passado
Viro a página a força
E deixo pra trás o nosso amor,
desenho inacabado.

Wednesday, December 13, 2006

Rock a 4 mãos

Viva os negros do Black!
Viva os negros do Black!
Viva os negros do Black!
Ou seriam os bezouros britânicos?

Não preciso de topete, nem preciso de jaqueta
Suba na minha garupa, baby
Vamos brincar de ser estrelas de cinema

A little less conversation, a little more rock'n'roll, please

Um bend rasgado, um guitarrista apaixonado
Levando à risca a batida de uma vida arriscada Transando ópio e sutiãs ao vento
Como um vírus sem cura, ele ganha o mundo

Baixo, baqueta, palheta
Rebeldes sem/com causa, uni-vos!
God save teh queen?
Não, Deus guarde o clube dos 27

2000: camisa de flanela, moicano, bata hyppie, spikes, cabelo colorido, coturno, all star, bolsa de vinil, moptop, calça cigarrete, tatuagem, maquiagem pesada, piercing.
Anarquia de grife!

Nem Lennon e Yoko
Nem Sid e Nancy
Nem Courtney e Cobain

O filho pródigo sempre retorna aos palcos,
porque essa turnê é eterna

Calma, groupies, o rock não acabou.


(Romã Neptune e Carolina Brunelli)

Tuesday, November 28, 2006

Sexo com C

Teu corpo cobrindo o meu corpo.
Nossas línguas apostando corrida.
Minhas unhas enterradas nas tuas costas.
Teus dentes encrustados na minha carne.
Nós dois descobrindo o céu.

Poema tímido pra um rato medroso chamado Vitor Paiva

Sempre que te vejo
as bochecas coram
Tenho vontade de desistir,
mas não desito.

Cambaleio, uso as palavras erradas,
Respiro,
mas quando dou por mim,
você já foi embora apressado,

amado Pé-de-Vento.

Tuesday, November 21, 2006

R & F

Ela tinha 10 anos. Ele tinha 15. Improvavelmente, eles se apaixonaram. Ela sofreu horrores, afinal primeiro amor sempre é um tormento. Ele talvez achasse que era mais uma brincadeira. Deram o primeiro beijo 2 anos depois de se conhecerem, a Lagoa como pano de fundo. Até hoje quando ela passa por lá, se lembra daquele dia, em que ela beijou de olhos fechados e com gosto de bubbaloo rosa pela primeira vez.
O tempo passou, a platonice passou, garotos passaram pela vida dela, mulheres pela dele. Mas volta e meia, eles se encontravam, todo ano era assim. E mesmo que o sentimento estivesse diferente a cada encontro, ele nunca desaparecia.
O espaço de tempo entre um encontro e outro foi aumentando. Ela não sentia mais nada por ele, nada mesmo. Ele não entendia. Deixaram pra lá. Ele viajou, ela foi viver. De vez em quando, se ligavam, muito de vez em quando. Era estranho como seus sonhos ficaram distantes, mas não esquecidos, apenas guardados numa caixinha de música, esperando pra que alguém dê corda pra voltar a tocar.
Ontem eles resolveram dar corda. Depois de 8 anos de espera, dançaram. E por mais, que aquele momento já tivesse sido imaginado pelos dois, a realidade foi muito mais doce. Inexplicavelmente emocionante. Ela chorou, sem saber o porquê. Ele sorriu porque sabia que era lindo. Era lindo. Estava sendo lindo. Ela disse 'eu te amo'. Ele também disse. Eles se amavam, plenamente. Lindo.
Ele vai pra França daqui a uma semana. Ela vai ficar aqui. Mas eles vão se encontrar, porque desde ontem eles estão ligados, pra sempre.

“Não foi apenas um encontro de corpos e desejos, foi um encontro de almas.”

Thursday, October 19, 2006

Soneto brega

Se pela Lua me enamoro,
não tenhas ciúmes,
não há maldade no motivo:
a luz dela me lembra o teu sorriso


Tua beleza é tão sem igual
que nem se eu procurasse na enciclopédia do mundo
acharia estrela, bicho, planta, coisa
mais perfeita que você


E se sussurram:
Está louca! Ou cega..
Encho a boca e grito: não!


Porque és o mais querido,
sentimento mais sentido,
dono do, não mais, meu coração.

Saturday, October 07, 2006

Menina bonita

Menina bonita
quer um cara bacana
que com seu signo bata
e todo dia diga que te ama

Pois eu te digo:
Uma banana a esses utópicos caras bacanas!

Menina princesa,
se olha no espelho,
passa um batom vermelho,
solta a trança, salta da torre
e se liberta desse pseudo castelo!

Experimenta um mergulho no mar,
um perfume novo, banho de chuva,
ligar o som bem alto,
Vai dançar com a vida, menina!

Uma banana a esses utópicos caras bacanas!

Se liga, menina querida
Deixa pra trás o sonho inventado
por alguém que você nem sabe quem,
vendido a preço baixo, mas custo alto:
o seu coração preso numa gaiola

Levanta, mulher
Enxuga essa lágrima
O amor não é pouco,
O amor não pode ser um só,
amor é mais
Amor é tudo e tá em todas as esquinas
Pára de procurar, vai dar uma voltinha

Banana pros utópicos caras bacanas...

Thursday, October 05, 2006

Agosto

Eu, nua, na sua cama,

Observo o jeito que você segura o cigarro.

Você me diz que a cena daria uma boa foto

E eu imagino um poema pra você contar pros seus netos.

Sunday, October 01, 2006

Mito

"Tudo que você sabe sobre os homens é verdade! Eu não sou tão inteligente como você acha. Só penso em duas coisas: sexo e música. Literatura às vezes."

Wednesday, September 27, 2006

Obrigada!

Origada às bocas que inspiram a minha existência.
Obrigada às bocas que aplaudem a minha existência.


Noite de CEP 20000. Som, palavra, cerveja, surpresa, confetes, loucura, estréia.
Quero isso na minha vida pra sempre!
Pra sempre.
Pra sempre.
Pra sempre.


Obrigada!

Saturday, September 16, 2006

Cadência


Eu, você
Violão, fogueira, estrela
A gente, estrela
O clichê mais bonito que o homem inventou.

Monday, September 11, 2006

Primeiro

Após uma tentativa frustrada de encontrar a fantasia perfeita pra festa, me encontro sentada no metrô.
Exatamente entre uma senhora mascando chiclete desagradavelmente e um homem de bigode bem preto que só faz balançar a cabeça em devaneios e rir aquele tipo de risada que só os homens de bigode riem.
Bem na minha frente há um homem e uma mulher com uma menina de pernas abertas e saia sentada em seu colo.
Ao lado deles, um homem - desses homens estranhos quem andam de metrô – nem novo, nem velho, quase calvo, olhar perturbado, meio transbordando pros lados a todo instante. Carrega uma espécie de fichário cujos dizeres “11º Festival de...” não consegui terminar de ler porque a risada do homem de bigode foi muito alta desta vez e roubou minha atenção.
O alvo do ‘risinho seguido do balançar de cabeça em devaneios’ é um casal de jovens que em pé se abraçam, se beijam e sussurram coisinhas de amor ao pé do ouvido. Achei a cena engraçado, a reação que eles causam no homem de bigode. Quis mergulhar na mente dele pra resgatar suas lembranças, porque com essa risada e balançar de cabeça só pode ter lembrança das boas no meio!
Duas estações a mais e paro pra observar as pessoas à minha frente com mais atenção, chego à conclusão que o cara ao lado da mulher é o pai da menina. (Ele acaba de dar mais um gole do guaraná à filha mimada, retrato da filha que eu não quero ter.) Aliás, eu adoro fazer isso, ficar analisando a genética alheia. A menina tem os olhos, a sobrancelha e o tipo físico do pai, o resto é da mãe..
Agora exatamente a mulher do chiclete se inclina pra perto de mim, o barulho dela mastigando entra insuportavelmente no meu ouvido, tento me afasta e fingir que parei de escrever, olho pra frente e me deparo com a menina prestes a abrir o berreiro.
E antes que eu pudesse achar o barulho do chiclete insuportável, já que a mulher esgueira-se pra enxergar alguma coisa, a menina mimada irritante, o cara estranho ainda mais estranho, o homem de bigode se incomodar com a minha escrita indiscreta, o grude do casal meloso demais e a minha letra péssima, uma voz artificial me diz: “Próxima estação: Siqueira Campos. Desembarque pelo lado direito.”
Não dá tempo de dobrar o papel, nem guardar a lapiseira, todos saem em debandada e eu satisfeita olho praquela gente como se dissesse: Brigada, tá pronto o primeiro texto do meu blog.